BUS – Bens de Utilidade Social

Maria João Sarmento, secretária geral da BUS, sabe de cor o que está no armazém apesar do alto turnover (15 dias é a média de permanência dos objetos). Neste momento quase não há eletrodomésticos em stock – são os items para os quais a procura supera sempre a oferta. O telefone não pára de tocar, com pedidos de recolha de objetos. Enquanto inspecionamos prateleiras de loiça e abat-jours, chegam, como agendado, os funcionários do Instituto de Apoio à Criança. Partem pouco tempo depois com dois sofás destinados a famílias acompanhadas pela instituição. 

A BUS é um exemplo de como (quase) se consegue fazer omeletes sem ovos. Com apenas três funcionários, distribuiu mais de 35 mil bens em 2017. Comunicação e contabilidade são assegurados por voluntários, entre vários outros trabalhos. O espaço e a carrinha foram cedidos pela câmara de Cascais. O combustível é oferta da Prio. Uma parceria com a Tratolixo (gestão de resíduos) assegura que a instituição não tem custos ao depositar em aterro os (poucos) bens que não consegue escoar. Parcerias com grandes doadores asseguram um fluxo contínuo de bens muito requisitados pelas IPSSs. Exemplos: dos hospitais da CUF chega roupa de cama; a Remax assinala casas que entram no mercado de venda e cujo recheio está disponível para recolha; a Associação de Hotelaria de Portugal faz a ligação com hotéis em processo de redecoração. As empresas/organizações representam 40% dos doadores. Os particulares fazem o resto, doando o que já não precisam e aceitando que a BUS deixe ocasionalmente para trás aquilo que não tem serventia, como os grandes e pesados louceiros que decoravam as nossas salas há algumas décadas, e os colchões demasiado manchados pelo uso. 

A BUS nasceu de forma muito orgânica, pela mão de Fernando Chaves (ainda hoje presidente da direção). O engenheiro começou por organizar informalmente recolhas de objetos entre amigos, para ajudar famílias que conhecia. O projeto cresceu e profissionalizou-se, mas o esforço da direção para o manter a funcionar não pôde esmorecer, sendo necessária a angariação constante de novos mecenas e associados.

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