Helena Antónia precisava de uma ideia de negócio para um bootcamp do IES (Instituto de Empreendedorismo Social). E encontrou-a naquele sítio onde se escondem tantas e tão boas ideias: no bairro. No bairro das Fontaínhas, no Porto, onde Helena na altura morava, viviam várias mulheres sós, “a atrofiar, sem nada para fazer”. E todas tinham máquina de costura. Surgiu então a ideia de promover um atelier de costura, para proporcionar a estas mulheres convívio, aprendizagem e oportunidades de criação. Consciente do imenso desperdício têxtil produzido tanto pelos consumidores como pelas confeções (“nem dá para imaginar”), Helena introduziu a ideia do upcycling no seu projeto. Seduziu designers para que contribuíssem como voluntários. E assim nasceu o “Vintage for a Cause”.
O “Vintage for a Cause” consiste hoje, também, numa plataforma de venda da roupa resultante do processo de upcycling, mas os rendimentos que daí advêm ficam longe de cobrir os custos do projeto. Apoios da Câmara do Porto, do IEFP, da Fundação EDP e do Programa Sustentabilidade Gulbenkian, entre outros, têm possibilitado o seu desenvolvimento. Já participaram nos ateliers mais de duzentas mulheres, e uma rede de costureiras existe agora em torno do projeto, para executar as peças que estão à venda no site. Já houve um crowdfunding, desfile de moda, sessão fotográfica profissional e inúmeros lanches entre colegas de costura.
Para os próximos três anos está planeada a disseminação do conceito em 18 municípios, envolvendo a Cruz Vermelha e as lojas sociais das autarquias (para onde converge muito têxtil descartado). Helena Antónia quer continuar a atacar a questão do desperdício têxtil e considera que é fora da indústria – bastante fechada – que é mais fácil inovar e experimentar.
As fotos desta página são da autoria de Vintage for a Cause