Projeto Amigo /Cáritas

A Cáritas é o braço de ação social da Igreja Católica, tendo no topo da sua hierarquia o Papa. E o Papa “é um ambientalista ferrenho”, insiste Jorge Matias, responsável de projetos na Cáritas Portuguesa. Jorge lamenta que a instituição em que trabalha não faça mais pelo ambiente, sobretudo após a publicação da encíclica Laudato Si (2015) que transmite orientações inequívocas nessa matéria a todos os fiéis e representantes da igreja. O Projeto Amigo, que teve início em 2012, é no entanto um exemplo de trabalho socio-ambiental e tem dado bons frutos.

Há muitos anos que a Cáritas se confrontava com um problema de excesso de vestuário doado. Por iniciativa de um empresário italiano que desenvolvera já um projeto social, baseado em excedentes de vestuário, com a Cáritas Itália, foi lançada a semente do Projeto Amigo. Os cerca de mil contentores espalhados pelos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém (em articulação com as paróquias mas também juntas de freguesia e outras instituições) permitem recolher vestuário e calçado. Ainda que a prioridade seja satisfazer necessidades sociais (respondendo a pedidos específicos de instituições, “roupa de bébé”, “calças de homem”), chega tanto material que mais de 90% acaba por ser vendido. E as vendas são todas para o estrangeiro, primeiro porque não existem recicladores em Portugal a trabalhar com roupa usada, e segundo porque se optou à partida por não incluir no projeto a comercialização em loja.

Triagem de vestuário no armazém da Cooperativa Esperança. Foto: Patrícia Almeida Garret

Os lucros da cooperativa são transferidos para as três Cáritas diocesanas envolvidas e constituem a dotação quase exclusiva do Fundo de Emergência Social “Igreja Solidária”. Este fundo foi de enorme importância durante a crise financeira, permitindo à Cáritas ajudar famílias a pagar rendas ou a conta da luz. Estes apoios financeiros pontuais, pouco burocráticos, continuam hoje a representar uma resposta importante para muitas pessoas. 

Patrícia Almeida Garret, responsável da comunicação na Cooperativa Esperança, lembra que para além dos postos de trabalho sociais que criou (reclusos, sem-abrigo), o projeto permitiu desenvolver parcerias informais: a pedido de uma freguesia, as carrinhas de recolha da cooperativa podem levar móveis a casa de famílias, por exemplo. O projeto inclui ainda uma componente de sensibilização em escolas, porque perante tanto desperdício a promoção da reutilização é uma urgência.

caritaslisboa.pt

É Dado – Loja Solidária da Cáritas de Lisboa, em Campolide